O Design estratégico (DE) é um conceito que nos ajuda a inverter a ordem de nossos processos de inovação. Enquanto em um movimento de inovação tradicional temos o foco no processo para gerar o melhor produto ou serviço, com a perspectiva do Design estratégico buscamos projetar possibilidades, e o caminho processual é um espaço de constante aprendizagem. 

Dessa forma, o DE se apresenta como um espaço de possibilidades de projetação, a partir da diversidade e com foco no desafio, no diferente. Para fazer isso, três conceitos se apresentam como centrais.

1- a relação entre projeto e metaprojeto: geralmente pensamos no projeto, e o projeto acontece quando tudo já está definido. Nesse momento, não buscamos inovação, buscamos ação e a realização de um objetivo. é no espaço metaprojetual que podemos pensar o diferente, promover um olhar sobre o projeto considerando uma perspectiva sistêmica.  Podemos pensar em etapas, mas na realidade estamos falando de camadas. Essa camada metaprojetual pode envolver pesquisas de campo, etnografia, etc, ou pesquisas em outros setores com o uso de metodologias como a Blue sky. Pesquisas que refinam o briefing e redescobrem o problema, ou situação que queremos atacar.

Esse problema pode ser, por ex: as vendas estão caindo, ou algo como: a motivação do nosso grupo está menor. Nao existe um limitador, mas a questão é que precisamos sempre ampliar o olhar antes de resolver. No caso das vendas, se ampliarmos o olhar podemos perceber algo significativo, como uma mudança de tecnologia em outro setor, que não estava em nosso radar.

2- O conceito de Design Driven Innovation: o conceito de DDI proposto por Verganti coloca em pauta 3 tipos de inovação, a partir de dois eixos: tecnologia e significado. Para o autor, processos com pequenas mudanças de tecnologia e de significado são aquelas centradas no usuário e definidas pelo mercado, inovações incrementais. Podem ser geradas a partir de pesquisas de mercado. Quando temos uma disrupção tecnológica, temos a possibilidade de “empurrar” para o mercado algo, em uma perspectiva mais de inovação radical. Mas as inovações DDI acontecem a direita neste gráfico, quando temos mudanças radicais de tecnologia e de significado. Inovação de significado é a chave para criar valor. Assim, podemos compreender a inovação orientada pelo design como um processo mais radical de mudança de significado, não obtido através de pesquisas de mercado, grupos de foco, etc.

3- O conceito de inovação transformacional: Ouden propõe um conceito de inovação com foco em benefícios para a sociedade, não em produto. Segundo a autora, Uma inovação transformacional ajuda os usuários a olhar de forma diferente para eles mesmos e mudar suas ações e comportamentos; gerando experiências prazeirosas para estimulá-los a usar o produto por um longo período de tempo. Além disso, é fundamental compreender o conceito de valor em 4 níveis: usuário, empresa, ecossistema e sociedad

Mas como fazer?

No caso especifico do grupo de pesquisa do qual faço parte, fazemos isso através de um método que denominamos pausa. O método pressupõe uma parada para a construção de reflexão, a partir de um processo orientado pelo design, que envolve:

1 – Briefing do cliente

2- Ações metaprojetuais  

3- Proposta de trabalho e re-briefing

4- Pesquisas complementares

5- Workshop de inspiração, ideação e geração de futuros possíveis

6- Proposta de ação/diretrizes projetuais 

O mais importante é compreendermos que a inovação não é isolada e deve sim responder por questões que decorrem de seu uso, de sua fabricação. O design nos ajuda nisso, construindo uma nova perspectiva para a ação responsável.

Fonte: AAA Inovação