Setor da indústria gera empregos e firma parcerias para qualificar mão de obra, sempre de olho na inovação
Vinícius Fonseca
Especial para O LONDRINENSE
Um segmento responsável por empregar cerca de 10 mil pessoas só em Londrina, além de representar 22% do total de indústrias de transformação existentes na cidade. Essa é a realidade do setor de eletrometalmecânica. Dados fornecidos pelo Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná (Sindmetal Norte do Paraná) dão conta de que a região de Londrina reforça ainda mais o potencial do setor. São 1.361 indústrias e um total de aproximadamente 20 mil empregados.
Entre hoje e amanhã, membros desse segmento vão se reunir na XV Feira Eletrometalmecânica de Inovação, para discutir sobre novas tecnologias e os rumos da indústria. A abertura será hoje, às 16 horas, no Aurora Shopping.
Para o presidente do Sindimetal Norte do Paraná, Valter Orsi, a feira é uma oportunidade para que os empresários do setor pensem “fora da caixa”, além de aproveitarem para participar de rodadas de negócio, fortalecendo assim sua network (rede de contatos). “Como a economia evolui rapidamente, todo empresário sabe que é preciso inovar o tempo todo e esta é uma oportunidade de conhecer as tendências do mercado”, pontua.
De acordo com o presidente, a Feira acontece no momento em que o setor se encontra cercado de desafios. Orsi comenta que o excesso de burocracia somada a alta carga tributária impede que a indústria brasileira, de um modo geral, se torne mais competitiva, sobretudo com relação aos seus principais concorrentes no exterior.
Ainda segundo a avaliação dele, os últimos anos do País foram marcados por instabilidade econômica, o que de certa forma afeta possíveis investimentos no setor. No entanto, ele pondera que é possível ver sinais de crescimento pela frente, “mesmo ainda timidamente, tem ocorrido mais contratações do que demissões e o empresariado de um modo geral está mais otimista”, aponta.
A perspectiva de um cenário positivo, porém, exige que os profissionais estejam mais capacitados e prontos para o mercado de trabalho. Na visão de Orsi, a mão de obra qualificada ainda é uma barreira para os negócios, mas vem sendo superada por meio de parcerias entre a indústria organizada e instituições de ensino e outras entidades.
Organizar, qualificar e fortalecer
O exemplo prático da busca pelo aprimoramento e qualificação da mão de obra, conforme Orsi, foi a criação, em 2018, da Governança de Inovação, INOVEMM, formado por um grupo de empresários e membros de entidades e de universidades que se reúnem para discutir os caminhos e práticas que serão adotadas pelo setor em áreas que abrangem as esferas política, econômica e social.
O presidente cita ainda a parceria com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio da atuação do Senai. “Conseguimos ampliar a atuação do Senai, que é um dos principais fornecedores de mão de obra técnica qualificada, e hoje conta com o HUB de inovação”, revela. “Também conseguimos junto às universidades a ampliação de oferta de cursos de áreas necessárias na indústria”, completa.
Coordenador de Educação Profissional e Tecnológica no Senai Londrina, Victor Cunha explica que hoje o aluno, interessado pelo ramo da metalmecânica, encontra na instituição cursos em diferentes níveis de conhecimento, que vão desde os técnicos, passando por graduação e pós-graduação, devido a Faculdades da Indústria. “A ideia é que o aluno entre aqui e possa trilhar todo um caminho de qualificação”, afirma.
Os cursos, segundo ele, apresentam diferenças básicas em suas diretrizes curriculares, tempo de duração – um técnico, por exemplo leva 2 anos, enquanto a graduação pode levar até 5 anos -, no entanto todos primam por mesclar aulas teóricas e práticas. “O curso técnico pode ser comparado a uma piscina curta, mas profunda. Em pouco tempo o aluno está pronto para o mercado. A graduação já é diluída em um espaço maior de tempo, mas também preza pela prática”, exemplifica.

A preocupação com o exercício de atividades que os alunos voltarão a repetir quando já estiverem no mercado de trabalho, para Cunha, acaba sendo o diferencial na qualificação da mão de obra. Para ele, permitir ao indivíduo vivenciar situações em laboratórios reais melhora o poder de tomada de decisão caso algo semelhante ocorra na empresa em que estiver.
Quanto ao futuro, Cunha indica que é uma preocupação da instituição seguir ouvindo mercado de Londrina, pois só assim será possível atender as reais necessidades da indústria local e assim fortalecer o setor da metalmecânica.
Alefe Bativa é, agora, docente no Senai, mas sua trajetória começou ainda em 2014 quando deu início ao curso técnico em mecânica industrial na instituição. “Depois surgiu a oportunidade de fazer a faculdade de tecnólogo em fabricação mecânica. Acabei levando os dois cursos”, lembra.
Conforme avançou em suas qualificações, Bativa recorda que oportunidades acabaram aparecendo, como a possibilidade de estagiar em uma empresa da área. “Enquanto aluno, os cursos abriram completamente a minha cabeça. Tive um desenvolvimento tanto na parte técnica quanto na área pessoal”, garante ele.
Para quem tem interesse em entrar na área da metalmecânica, o professor garante que há um mercado interessante já estabelecido e com muito potencial de crescimento para o futuro. “Eu aproveitei as oportunidades que tive. Se o aluno souber aproveitar as suas, esse é um mercado com muita área para se desenvolver”, assegura.
Foto: Senai
Fonte: O Londrinense.
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