15/01/2021
Depois de quase um ano e meio de atividade, o Hub de Inteligência Artificial (IA) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o único do Brasil e instalado em Londrina, já colhe frutos de seu trabalho. Dentre os objetivos do espaço, estão estimular as empresas a aplicar a tecnologia em seus processos e capacitar profissionais na área de IA.
Um dos programas do hub é o de residência em inteligência artificial, voltado à capacitação de profissionais de exatas na área. Nesse período, o residente recebe uma bolsa mensal de R$ 2,5 mil e, ao final, um certificado de pós-graduação Lato Sensu em inteligência artificial aplicada à indústria. Outro é um programa de inovação aberta voltado a startups especializadas em inteligência artificial e grandes empresas com demandas na área. Leia mais sobre aqui.
O mestre em engenharia elétrica Rafael Loni Martins foi um dos residentes do primeiro ciclo do Hub de IA. Antes mesmo de concluir a residência, em agosto do ano passado, ele foi contratado pela indústria Pado, de Cambé. Martins já começou a trabalhar na empresa como supervisor de inovação e, para ele, a residência no hub foi decisiva no processo de seleção.
‘ASSÉDIO É GRANDE’
Segundo Henry Carlo Cabral, gerente do Senai Londrina, Martins não é o único residente do hub a ser contratado antes mesmo de concluir a residência. A falta de profissionais especializados na área faz com que eles sejam altamente disputados. “O assédio é muito grande.” Ao mesmo tempo, a concorrência por uma vaga na residência também é grande. No primeiro ciclo, houve mais de 500 inscritos para 20 vagas, e na segunda mais de 300 inscritos para 13 vagas. “São pessoas de altíssimo nível, que muitas vezes largaram a empresa em que trabalhavam para participar do programa visualizando um salário melhor.”
Durante a residência, o hub permite que profissionais formados em áreas de exatas possam estudar e aplicar a tecnologia de inteligência artificial à realidade das empresas patrocinadoras em escala menor, nas chamadas provas de conceito. Além de proporcionar conhecimento prático aos residentes, as provas de conceito permitem que as empresas vejam na prática uma amostra dos benefícios que a inteligência artificial pode trazer aos seus negócios.
“A cada três meses, os residentes fazem uma entrega final de programa que pode virar um grande projeto aplicado à empresa”, afirma Cabral. Nem sempre as provas de conceito vão resultar em aplicações da tecnologia dentro das organizações. A ideia é realizar experimentos para testar a viabilidade e os benefícios da inteligência artificial nas empresas. “Teve casos em que realmente aconteceu isso, e casos em que se chegou à conclusão que não adianta investir, não é viável”, explica o gerente do Senai Londrina.
CENTRO DE INOVAÇÃO
Depois que Rafael Loni Martins concluiu sua residência, a Pado foi uma das empresas patrocinadoras do segundo ciclo da residência do Hub de IA do Senai, e lá estava o engenheiro novamente, desta vez acompanhando as provas de conceito na indústria já como supervisor de inovação da Pado.
A Pado já tinha alguns projetos de aplicação de inteligência artificial nos seus processos internos e produtos, mas o Hub de IA foi um incentivo a mais para o centro de inovação da companhia, batizado de Padotech, afirma Martins. “Foi possível enxergar que através da aplicação da IA você consegue em alguns casos não só automatizar o projeto, mas melhorar os resultados”, detalha. “A Pado é uma empresa tradicional que veio do metalmecânico, produzia somente cadeados, expandiu para fechaduras e eletrônicos e viu que não dá para parar, e foi aí que surgiu a nova área que tem hoje para trazer novos produtos da parte de tecnologia, IoT, automação e novos processos de aplicação de IA como a automatização de determinados setores.”
Hoje, o centro já realiza pesquisas na área de inteligência artificial em várias frentes. Duas delas, que estão sendo desenvolvidas nas provas de conceito em parceria com o hub, envolvem análise de crédito e cobrança e reconhecimento de imagens para leitura de documentos para auxiliar o trabalho de cadastro no setor de recursos humanos (RH). E mais um residente do hub já foi contratado para trabalhar no local.
TERCEIRO CICLO
No primeiro ciclo do programa de residência, o Hub de IA do Senai capacitou 20 profissionais na área e gerou provas de conceito para 12 empresas patrocinadoras. O segundo ciclo, em andamento, deve concluir em dezembro e tem 13 residentes e 11 empresas patrocinadoras. O processo seletivo para o terceiro ciclo deve começar em breve, para início das atividades em março. A cada ciclo, são abertas até 20 vagas para residentes.
O processo seletivo envolve análise de currículo e entrevista com consultores especializados para identificar se o candidato tem perfil para o programa. Profissionais formados em qualquer área de exatas podem participar.
Para participar, o aluno deve fazer a sua inscrição neste site. A residência acontece em parceria com o instituto AI2, de São Paulo, uma espécie de consórcio de pesquisadores especializados na área.
Fonte: Portal Futurista
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