14/07/2020
Primeira edição 100% digita da Campus Party debateu as mudanças provocadas pela pandemia da Covid-19 e a importância de reavaliarmos nossos comportamentos
A pandemia do novo coronavírus transformou um dos maiores eventos de tecnologia do planeta. Pela primeira vez, a Campus Party está tendo uma versão 100% digital. O tema desta edição não poderia ser mais adequado ao momento que vivemos: “Reboot the World”, ou “Reiniciar o Mundo”. De acordo com os organizadores, mais de 1.800 conferencistas de 31 países vão marcar presença nos três dias do evento, que está sendo transmitido ao vivo, pela Internet.
Na quinta-feira (9), as discussões em Brasília foram sobre ciência e o futuro do trabalho. O foco em Goiás foi Medicina e tecnologia em saúde, e a edição Amazônia abordou temas como desenvolvimento social e gestão de pessoas
Inovação no mundo pós-pandemia
No palco global aconteceram conferências voltadas especialmente para o desenvolvimento e uso de novas tecnologias no mundo pós-pandemia e, também, para a transição para o que já estamos chamando de “novo normal”.
Um dos painéis reuniu o vice-ministro de Desenvolvimento e Investimentos da Grécia, Christos Dimas, e o príncipe da Holanda e representante da organização do país Techleap, Constantijn Van Oranje-Nassau. Eles debateram como a inovação pode transformar o mundo pós-pandemia, e citaram alguns dos principais desafios que precisaremos enfrentar.
A Holanda ocupa a quarta posição no Índice Global de Inovação, mas segundo Constantijn, ainda possui grandes obstáculos pela frente. Ele explicou que o conceito de inovação não está relacionado apenas à tecnologia, mas também a métodos de trabalho, infraestrutura e mindset.
“Um dos desafios sempre será dinheiro, conseguir investidores. Por isso o governo tem o papel importante de criar ambientes amigáveis para empreendedores. Mas também cabe à sociedade desconstruir certos mitos.”
Constantijn Van Oranje-Nassau, príncipe da Holanda e representante da organização do país Techleap
“As pessoas precisam acreditar que é possível criar grandes empresas de tecnologia na Europa, como Spotify e Booking.com”, disse.
De acordo com Christos, na Grécia a dificuldade é ainda maior: sem perspectiva de crescimento no país, os empreendedores acabam migrando para outros lugares, o que dificulta o desenvolvimento de um ecossistema de inovação próprio. Ele acredita, no entanto, que a pandemia pode transformar essa realidade: “Atrair nômades digitais é um dos próximos objetivos da Grécia, e isso pode ser beneficiado pela pandemia, especialmente agora que as pessoas perceberam que podem trabalhar de qualquer lugar do mundo.”
Modelo econômico mais inclusivo
Os participantes também destacaram que a crise provocada pela Covid-19 expôs as principais fraquezas do mundo, como desigualdades sociais e dos sistemas de produção. Segundo eles, as startups terão um papel fundamental para que não voltemos ao patamar anterior após o fim da pandemia, já que precisaremos de um modelo econômico cada vez mais sustentável, digital e inclusivo.
Para que realmente aconteça uma transformação positiva, o mundo vai precisar dar cada vez mais ouvidos à Ciência. “Expressar nossas opiniões pessoais é importante, mas precisamos ouvir os cientistas. As próximas políticas públicas devem ser pautadas nas orientações da ciência”, defendeu Christos.
Constantijn concordou: “A crise reacendeu a importância da ciência, e também de termos responsabilidade sobre nossos comportamentos. Se tivermos outra onda da pandemia, é provável que as coisas realmente mudem. Se não, corremos o risco de tudo voltar a ser como antes, especialmente se os governos não apoiarem essas mudanças.”
Fonte: Whow
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