13/08/2020
Quando 2020 teve início, a expectativa do mundo siderúrgico e de mineração era de crescimento. Apesar da instabilidade da economia brasileira, grandes empresas se preparavam para dar início a novos projetos, prevendo a expansão de suas atividades. Em novembro de 2019, especialistas do setor acreditavam em um crescimento da economia na casa de 2% este ano, o que poderia fazer com que o consumo aparente de aço deveria expandisse 4%. Mas não foi isso que aconteceu. Por conta da pandemia, a queda na demanda por aço chegou a derrubar as vendas em 30% e muitas empresas tiveram que se adaptar de forma veloz e experimental.
Com a Novolipestsk Steel (NLMK), considerada uma das mais rentáveis do mundo no setor, não foi diferente. A companhia iniciou suas atividades em 2020 bem posicionada, realizando investimentos para aumentar o estoque de produtos, com equipe treinada e pronta para um ano de crescimento. A expectativa de crescimento devia-se aos avanços e trabalhos realizados pela equipe da empresa no Brasil e na América do Sul.
Um de seus projetos era abrir um escritório comercial e um estoque próprio no Chile, para atender o mercado local de mineração. Uma estrutura similar à que a companhia já possui no Brasil e no Peru, com exportações para Colômbia, Chile, Paraguai e Panamá.
Desde o início de suas operações na América do Sul, a NLMK cresceu todos os anos, sendo 2019 o de menor crescimento percentual, justificado pelo fato de que a base comparativa do ano anterior já era muito boa e, com isso, o percentual de crescimento diminui de forma natural. A previsão, porém, era de um crescimento de dois dígitos em 2020.
Quando a pandemia de covid-19 surgiu e impactou os setores de mineração e siderurgia por conta da queda na demanda, a empresa teve que se adaptar muito rapidamente. Na comparação entre os meses de abril e maio, por exemplo, a companhia registrou retração de 15% nas vendas, e no mês de maio a queda chegou a 30%, tendo como base o movimento anterior à adoção das medidas de isolamento social por conta da doença.
No início, essa adaptação não foi nada fácil, mas com empenho e coordenação, o plano deu certo. Os funcionários do Brasil e Peru foram dispensados para trabalhar em casa, em regime de home office. A empresa manteve apenas as operações nos estoques para faturamento e entrega de mercadorias, respeitando as recomendações da OMS para distanciamento, como o uso de máscaras, desinfecção de objetos e superfícies com álcool gel, bem como novas regras de higiene pessoal durante o trabalho.
“O combate ao vírus deixou tudo mais difícil, com certeza, afinal, manter tudo funcionando no mundo siderúrgico atendendo o que preconizam os protocolos de saúde não é um solução fácil. Além disso tivemos que interromper as visitas técnicas e comerciais aos clientes, essa foi a atividade de maior relevância que teve que deixar de ser feita. Mas, aos poucos, tanto produtividade quando faturamento estão começando a dar sinais de melhora”, revela o diretor-geral da NLMK South America, Paulo Seabra.
Entre as medidas tomadas pela empresa, Seabra cita a produção de máscaras personalizadas NLMK para os funcionários e a implantação de protocolos de segurança a serem seguidos pelos colaboradores. Clientes e parceiros passaram a ser atendidos virtualmente e as reuniões começaram a ser feitas através de ferramentas de videoconferência, como o Microsoft Teams. Mesmo à distância, os clientes da companhia continuaram a ser bem atendidos “no nível que a NLMK preza em manter”.
“Nós, na verdade, nunca paramos nem um dia sequer desde o início da pandemia, reagimos rapidamente implementando as novas ações. Seguimos firmes e disciplinados nesta questão. Porém, acreditamos que a recuperação será muito lenta, totalmente diferente de crises anteriores. O impacto foi sem precedentes. A missão agora é acima de tudo proteger a saúde dos nossos funcionários e gradativamente ir ampliando as vendas”.
Para uma atividade comercial, não poder visitar os clientes é uma restrição impactante. Muitas empresas ainda não estão permitindo a visita de fornecedores – ou nem mesmo isso é possível, pois seus funcionários ainda estão trabalhando em home office. “Por isso acreditamos que, enquanto uma vacina não estiver disponível, será difícil observar uma recuperação mais significativa da atividade industrial. Nossa previsão é de uma melhora mais significativa a partir do segundo semestre de 2021, quando provavelmente já teremos a vacina sendo aplicada em escala global”.
Pós-pandemia
Mesmo com todas as dificuldades, a expectativa da NLMK para os próximos anos é de manter os planos ambiciosos que já haviam sido traçados para o Brasil e América do Sul como um todo, ampliando o portfólio de produtos ofertados nestes mercados, além de expandir as atividades com abertura de escritórios comerciais e estoque local em alguns países.
“Seguramente a quantidade de viagens pode tender a diminuir com a consolidação das reuniões virtuais, as quais se demonstraram eficientes para uma série de situações que antes eram apenas resolvidas com visitas presenciais. Além do maior cuidado com a saúde e o relacionamento dentro de ambientes fechados, principalmente”, acredita Paulo Seabra.
Na opinião do executivo, em face do cenário desafiador, o setor deverá manter e até aumentar o foco em ações de sustentabilidade e inovação. Isso porque, com o avanço das informações instantâneas e a necessidade de soluções rápidas, as mudanças organizacionais forçam a empresa não somente a mudar sua forma de atuar, mas também a forma de investir. Ser sustentável em um setor siderúrgico cada vez mais competitivo requer criatividade e consequente inovação das ações.
“Inovação é um dos pilares do grupo NLMK há muito tempo. Um programa de inovação foi lançado pela empresa no ano 2000 e, desde então, cerca de 200 projetos foram implementados para modernizar as instalações de produção existentes e criar novas capacidades. Foram investidos mais de 5 bilhões de dólares, dos quais mais de 10% foram destinados a projetos ambientais”.
Fonte: CIMM
Deixe um Comentário