13/08/2021
Pesquisadora da UTFPR usa IA para identificar características desses eventos e tentar evitar problemas em sistemas na Terra
Uma pesquisadora do Departamento de Eletrônica do campus de Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) está participando de uma pesquisa sobre ventos solares da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, cujos resultados serão apresentados nesta sexta-feira (13). O objetivo é verificar a influência desses eventos na atmosfera da Terra e gerar mecanismos de prevenção a problemas como interferência em sistemas de telecomunicações e elétricos.
A pesquisadora Marcella Scoczynski relata que todos os anos a Nasa propõe alguns projetos para pesquisadores de todo o mundo, que dão sequência a estudos anteriores ou buscam soluções para novos problemas. As inscrições são abertas no início do ano e depois é feita uma seleção, que leva em conta conhecimento técnico e soft skills, “como saber trabalhar em grupo”, cita Scoczynski. Em junho, sai o resultado. “O pesquisador não escolhe o projeto, a Nasa direciona conforme o perfil e faz o convite”, diz a pesquisadora paranaense.
O trabalho de Scoczynski consiste na aplicação de Inteligência Artificial (IA) para analisar dados captados pela sonda Parker Solar Probe e criar mecanismos de identificação das principais características dos ventos solares.
“Antes, tínhamos somente os satélites na órbita da Terra, então eles ficavam bem longe do sol. A Nasa conseguiu lançar em 2018 essa sonda e ela está bem próxima, em cinco anos vai ser consumida pelo sol. Agora é o momento em que ela está mais perto, está captando o campo magnético, os dados, e com eles é possível ter informações melhores do que tínhamos antes. A análise é bem mais precisa”, detalha a pesquisadora.

Scoczynski explica que, a partir desses parâmetros, a meta é possibilitar a predição de eventos que possam causar problemas na Terra. “É possível deslocar um satélite em órbita se um vento vier muito forte, se antecipar e girá-lo um pouco ou modificar um pouco a trajetória, tudo isso remotamente. No Canadá, no Quebec, em 1989, caiu toda a rede elétrica (devido a uma tempestade solar), era algo que ninguém estava esperando. Então, o que se busca é evitar esse tipo de situação”, aponta.
A pesquisadora acrescenta que, além de visar a predição desses eventos, o projeto também vem permitindo investigar a vida em planetas mais longínquos, não tão próximos do sol e que sofrem menos influência dos ventos solares.
“E há outra questão, relacionada à saúde dos astronautas: eles ficam expostos fora da nossa atmosfera, sofrem radiação desses ventos e têm câncer muito mais do que a gente, porque temos proteção, a Terra tem a magnetosfera, que funciona como um ímã, então o vento não nos atinge. Atinge somente nos polos, onde faz as auroras boreais. Para os astronautas é muito perigoso, então há outra equipe trabalhando somente com a saúde dos astronautas, para diagnosticar câncer, (desenvolver) roupas diferenciadas para proteger”, complementa Scoczynski.
Cada projeto tem duração de nove semanas. Todos eram feitos presencialmente até 2019, mas desde o ano passado estão sendo desenvolvidos online devido à pandemia de covid-19. Scoczynski aponta que, após a apresentação do projeto, os envolvidos na pesquisa deverão se encontrar presencialmente, mas ainda não há uma data definida.
Fonte: Portal Futurista
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