04/05/2021
Primeiro da América Latina com função de telepresença aplicada à saúde, R1T1 atua desde 2013 no HU de Maringá e ganha ainda mais destaque durante pandemia
Na ativa desde 2013 pelos corredores do Hospital Universitário (HU) de Maringá e depois de participar do revezamento da tocha olímpica para os Jogos do Rio em 2016, o R1T1, primeiro robô com função de telepresença aplicado para a área de saúde da América Latina, não para de ganhar novas funções. O equipamento com sistema de inteligência artificial (IA) teve importância ampliada com a pandemia de covid-19, por oferecer o primeiro atendimento a pacientes, a desinfecção de ambientes e a comunicação entre internados e familiares, em um caso de humanização por meio da máquina.
Desenvolvido pela Project Company, também de Maringá, o R1T1 emite radiação ultravioleta para eliminar vírus, bactérias e outros micro-organismos do ambiente e de equipamentos médicos. A função já existia antes da pandemia, para combater bactérias super-resistentes, diz Antonio Henrique Dianin, CEO da Project e desenvolvedor do robô cujo protótipo foi feito em parceria com o HU.
“Outra atividade é o primeiro atendimento do paciente. Só de a pessoa parar na frente do robô, ele identifica a pessoa e os sintomas pelo reconhecimento facial, como (nível de) oxigenação, batimentos cardíacos, temperatura, e só então o paciente vai fazer consulta com um médico”, conta Dianin.
Catia Millene Dell Agnolo, enfermeira do HU responsável pelo uso do equipamento, informou, em entrevista à agência de notícias do governo do Paraná, que o robô contribui em pesquisas relacionadas à covid-19 por permitir a interação entre pesquisador e participante por meio de um avatar e um questionário eletrônico. Dianin complementa que a atuação do R1T1 chega à comunicação de internados com familiares, de extrema importância para dar forças a quem luta contra a doença que já levou mais de 400 mil pessoas à morte no país.
DESTAQUE
O R1T1 é uma das cinco iniciativas brasileiras de IA apontadas como casos de sucesso no último relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre esse tipo de tecnologia, intitulado “A inteligência artificial a serviço do bem social na América Latina e no Caribe”, de maio de 2020.
Se a atuação no tratamento contra o coronavírus vem desde o ano passado, o R1T1 tem fama antiga. Criado por Dianin depois de se inspirar em um episódio de 2010 da série “The Big Bang Theory”, em que o personagem Sheldon cria um robô para substituí-lo em compromissos pessoais, a iniciativa foi desenhada para proporcionar a sensação de presença humana em atendimentos remotos.
O robô usa IA e pode ter desempenho autônomo e ser controlado remotamente, por meio da internet. Conta com pintura bactericida e um design sem espaços que funcionem como “cantos” para acúmulo de poeira, vírus e bactérias, o que Dianin lembra que foram sugestões dos próprios parceiros do HU durante a fase de desenvolvimento do projeto.
Completam o menu de funções a possibilidade de fazer estudos clínicos, aulas, participação remota de alunos e médicos em cirurgias, transformação de exames de imagem para três dimensões e, algo que surpreende até o desenvolvedor, o acompanhamento completo em transplantes de órgãos. “Pensamos que seria a última coisa que desenvolveríamos. O ‘R1’ faz a avaliação fotométrica do órgão em tempo real, avalia como estão as funções do órgão, permite a orientação do médico para os residentes e por um meio criptografado em uma rede independente.”
Dianin conta que foram dez atualizações de funções em oito anos. “Existem detalhes que as pessoas nem imaginam. Quando se locomove, o ‘R1’ pensa no círculo interpessoal e não invade seu espaço. Ele para antes, em uma distância agradável, e o sistema faz com que o veja a distancia e desvie não quando chega perto de outras pessoas, mas vá desviando pelo caminho”, conta o desenvolvedor.
NA ALÇA DA BOTA
São quase 20 R1T1s em hospitais brasileiros, mas os robôs com IA passaram a ser usados em outras áreas. São 40 projetos em 13 ramos de atuação, entre os quais videoconferências, segurança, vendas e educação.
Dianin afirma que prefere trabalhar por bootstraping, modelo sem investidores, com crescimento sustentável e maior controle sobre o negócio. “Não quer dizer que não aceitaremos smart money (dinheiro de investidores), mas tem de bater com a cultura da Project, que tem um lado muito filantrópico, então as coisas não podem ser decididas só na parte monetária.”
Assim, ele diz que prefere manter parceiros e profissionais para os projetos, que são mais de cem. Segundo os dados apresentados ao relatório do BID, a Project tem agentes envolvidos de empresas como Roche, Microsoft, Intel, além de universidades como a Estadual de Maringá, Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Harvard e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre outras.
“Uma coisa que deu muito certo é que adoramos ter parceiros. Dos pequenos aos grandes. Ideia vem de tudo o que é lado e uma coisa que fizemos desde o início era escutar as pessoas e avaliarmos com a nossa cabeça. Nunca teríamos feito o ‘R1’ sem ter cantos se não fossem as sugestões no HU”, diz o CEO da Project.
Fonte: Portal Futurista
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