03/05/2021
Planejamento de políticas para os próximos 20 anos está diretamente ligado ao ecossistema regional e demanda participação de profissionais e governanças
O papel da inovação para o desenvolvimento regional é uma das chaves para o planejamento Masterplan Londrina 2040, iniciado no fim do ano passado e que, na fase atual, busca a participação da sociedade londrinense para definir os principais objetivos e as propostas para atingi-los em duas décadas. Contratado pela prefeitura de Londrina e comandado pela consultoria carioca Macroplan, especializada na identificação e construção de cenários futuros, o projeto iniciou uma série de oficinas com governanças locais para identificar como o ecossistema enxerga a cidade e como pretende ser um dos agentes dessa transformação.
Nesta segunda etapa, porém, os coordenadores da proposta buscam uma maior participação popular e também de profissionais ligados à inovação, para enriquecer o debate, por meio do portal www.2040.londrina.pr.gov.br. Ao menos metade dos conceitos que estão entre os mais citados estão ligados à área. Aliás, a associação e a organização em grupos, governanças e entidades que debatem o uso de soluções de base tecnológica para o desenvolvimento de Londrina e do Norte do Paraná têm origem em planejamentos estratégicos anteriores na região, o que aumenta a responsabilidade do setor.
O próprio Fórum Desenvolve Londrina, criado em 2005 para planejar o futuro de olho no centenário da cidade, em 2034, traz no “Planejamento estratégico de cidades – 2019” um histórico de iniciativas tomadas no Norte do Paraná com o intuito de propor um futuro mais próspero e organizado para a região. No documento, há a citação do Projeto Metronor, que trabalhou a proposta de uma metrópole linear no eixo Londrina e Maringá, ainda nos anos 70; do Plano de Desenvolvimento Industrial (PDI) de Londrina, de 1995; da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região (Adetec), em 1998; e do mapeamento e organização do ecossistema de inovação de Londrina, que começou em 1997 e segue dando frutos, como na criação em março passado da governança de instituições de ensino superior (IES), entre outras.
Rodrigo Souza, consultor da Macroplan e coordenador do Masterplan Londrina 2040, afirma que as oficinas são virtuais, por conta da pandemia de covid-19, com a participação de 20 a 30 pessoas de cada governança. Os grupos debatem o que esperam para 2040, quais são as prioridades, quais devem ser as estratégias e, a partir da terceira fase, em julho, quais serão as metas dos projetos.
“O que vai aparecer no Masteplan não é completamente novo, algo que ninguém sabia que poderia acontecer. É uma organização das ideias de acordo com o que a sociedade espera e para que essa sociedade se junte nesse trabalho”, diz Souza.
Como ponto de partida, a consultoria levantou indicadores econômicos regionais desde 2009. Constam ali dados como a redução dos empregos industriais de 19% para 13% do total e uma prevalência de micro e pequenas empresas em relação a cidades usadas como comparativo (leia mais abaixo).
Como exemplos de locais que tiveram bons resultados com projetos do tipo, Souza cita cidades como Belo Horizonte e Niterói (RJ), além do Espírito Santo. “Elaborar esses planos dá frutos porque vai na veia do que a população precisa. Não resolve tudo, mas o cidadão sente que a situação melhorou. E não precisa de uma montanha de dinheiro, mas de foco. A administração pública costuma ser dispersiva, porque tenta atender interesses de muitos lados”, afirma o coordenador do plano.
Por outro lado, ele cita um exemplo de um estado em que a apresentação de propostas dentro do plano passou a constar em lei, aprovada em assembleia legislativa, mas que nem sempre é executada. “O risco principal é um esperar o outro, o outro esperar o um, e nada acontecer. Não conheço experiência que tenha dado certo sem capital pessoal, engajamento.”
PARTICIPAÇÃO
Roberto Moreira, diretor de ciência e tecnologia do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), afirma que o setor de inovação tem sido bastante participativo. “Foi feito um laboratório com o APL de TIC (Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação) e deu tão certo que todas as governanças nos comunicaram e disseram que queriam fazer oficinas.”
Ele conta que um dos conceitos mais repetidos sobre Londrina é o fato de a cidade ter perfil inovador, então é importante ouvir profissionais do setor, mas não apenas. “Nossa preocupação é envolver mais pessoas, com várias oficinas, ter a participação popular com associações de bairro e conselhos municipais.”
Nas oficinas relacionadas ao setor de construção, Murillo Braghin, presidente da governança iCon e head de inovação do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte), afirma que o trabalho reuniu ideias que dão prosseguimento a ações já existentes e novas demandas. “Colocamos investimento em pesquisa e inovação, retenção de talentos por meio de ambientes de inovação, criação de centro tecnológico de pesquisa e empreendedorismo, isso quando entramos na vertente de inovação. Políticas e incentivos como a rua inteligente da Sergipe, é disso que precisamos”, diz. Ele ainda pediu que interessados em debater o Masteplan entrem em contato pelo grupo de WhatsApp do Icon.
Já Ricardo Silva, coordenador da governança Inovemm, da indústria de metalmecânica, afirma que percebeu muitos participantes com vontade de antecipar fases e discutir soluções, nas mais variadas frentes. Ele exemplificou com a importância de medidas que tragam a inovação para perto de pequenas indústrias, mesmo que para facilitar a gestão, mas também citou cuidados ambientais para a implantação de empreendimentos. “Quando tivermos um panorama geral e apontarmos todos os anseios da sociedade, mesmo que dependa do governo municipal fazer algo seremos nós, como governança, que vamos buscar a realização.”
O MASTERPLAN
O desenvolvimento do Masterplan Londrina 2040 começou com o levantamento de indicadores socioeconômicos de Londrina entre 2009 e 2019, a comparação com a região metropolitana, com o Paraná e com outras três cidades de características semelhantes, Uberlândia (MG), Ribeirão Preto (SP) e Joinville (SC). Foram feitas entrevistas individuais com lideranças locais e reuniões com temas que foram de planejamento urbano a meio ambiente.
Na fase atual, há espaço para que a população contribua com o que espera de Londrina em 2040, em busca de conceitos que sintetizem as perspectivas mais citadas pelos participantes. Em um segundo momento, é possível propor medidas concretas para atingir esses objetivos, com metas de curto a longo prazos.
Segundo a consultoria, a proposta não é criar um plano de governo, econômico e nem mesmo de estado. Deve ser vista como uma oportunidade de a sociedade local tomar o controle para o desenvolvimento em diferentes frentes, com poder de gestão e cobrança em relação a outros agentes.
Fonte: Portal Futurista
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