13/09/2021
Primeira edição da Metodologia de Ensino Inovadora (MEI-U) no campus Londrina da UTFPR terminou com respostas concretas a desafios enfrentados por indústrias locais
No caso da Indusbello, problema estava no processo de pintura de um estojo de instrumentos médicos e odontológicos (Foto: Divulgação/Indusbello)
Estudantes e empresas apresentaram no início do mês os resultados do programa Metodologia de Ensino Inovadora (MEI-U), aplicado no campus Londrina da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que aproxima mercado e academia em busca de soluções para desafios enfrentados pelas indústrias.
O MEI-U foi criado no campus da UTFPR em Ponta Grossa há cerca de cinco anos, e esta foi a primeira edição do programa concluído em outro campus da universidade. Participaram do edital três empresas – Indusbello, Pado e Hydronlubz – e seis alunos dos cursos de engenharia mecânica, engenharia de produção e engenharia química.
INDUSBELLO
Na Indusbello, indústria de produtos médicos e odontológicos, os estudantes Gabriel Takeshi Ida, de engenharia mecânica, e Matheus Henrique Schwarz, de engenharia química, estudaram formas de melhorar o processo de pintura de caixas utilizadas para acomodar instrumentos médicos e odontológicos, que precisam ser submetidos a esterilização por autoclave.
O método utilizado para pintura desse produto é a serigrafia, mas a empresa gostaria que esse processo se tornasse digital.
Testes previamente realizados pela empresa não garantiam a fixação da tinta no produto. Por isso, os alunos fizeram estudos para chegar a um processo que resultasse em uma aderência maior da tinta ao polímero utilizado para a produção dos estojos. Ida e Schwarz chegaram à conclusão que é possível aumentar esta aderência, mudando as propriedades do polímero através de tratamentos superficiais que alterassem as propriedades químicas e morfológicas do material.
Os estudantes também propuseram mudanças na etapa de inspeção visual da aplicação da tinta no produto, que é muito manual, morosa e sujeita a erro humano. A proposta foi a adoção de gabaritos para a padronização da aplicação da tinta e o resultado foi uma redução de cerca de 32% no tempo do processo. “É gratificante a integração entre universidade e indústria. Isso é um ganho para ambos”, disse Willian Ramos, da Indusbello.
PADO
Na indústria de cadeados e fechaduras Pado, os estudantes Ariane Matsubara, de engenharia de produção, e Giovani Tini, de engenharia química, foram em busca de melhorias para uma das etapas do processo de pré-montagem da fechadura, que é a colocação do cilindro no interior do produto. O cilindro é fixado à fechadura através da colocação de um grampo, que é pequeno, difícil de ser manuseado e exige força para a aplicação.
Ao fazer estudos do processo, os alunos perceberam que o processo de trabalho é muito manual, repetitivo e desorganizado, e que o espaço de trabalho é bastante reduzido. Quatro pessoas são responsáveis por esta etapa da pré-montagem: elas ficam em uma mesa – duas de um lado e duas do outro, e à frente delas ficam dispostas as caixas com as peças para a pré-montagem. Outra pessoa é responsável pelo abastecimento de peças e pela retirada dos produtos pré-montados.
Os estudantes avaliaram que as operadoras usam mais a mão direita que a esquerda na operação, e que uma mudança na disposição espacial das caixas de insumos e das próprias colaboradoras poderia otimizar o tempo de montagem das peças. Além disso, os alunos sugeriram o desenvolvimento de um dispositivo em forma de pistola para a colocação de grampos na fechadura e a implementação da metodologia 5S no setor.
HYDRONLUBZ
Na indústria de equipamentos Hydronlubz, os estudantes Fernando Marsico, de engenharia mecânica, e Matheus Januzzi, de engenharia química, foram desafiados a buscar uma forma de reduzir o peso e o custo do frete de um dos produtos da Plic Mobiliário (uma spin-off da empresa) – uma banqueta multiuso desmontável – sem resultar em perdas de resistência e qualidade e mantendo o design. Por ser um material utilizado para a produção de outros produtos, os alunos deveriam manter o uso do aço carbono como matéria-prima.
Em seus estudos, Marsico e Januzzi perceberam que o assento da banqueta representa mais de 60% do peso do produto. Usando um software, os estudantes fizeram simulações para visualizar formas de reduzir o peso do produto, sem comprometer a sua estrutura. As propostas apresentadas pelos alunos redesenharam a estrutura de apoio do assento usando tubos já utilizados para produzir o restante do banco, redesenhando o seu formato e eliminando porcas e parafusos para a montagem, que passaria a ser feita somente através de encaixes.
Com os estudos, foi possível chegar a uma redução de 21% do peso do produto, de 54% no tempo de produção e 83% no tempo de montagem. Além disso, as embalagens do produto puderam ser reutilizadas.
“A empresa busca parcerias de aproximação entre empresas e universidades. Temos dentro da empresa alguns professores e sabemos desta importância não só para o crescimento da empresa, mas para a formação dos alunos”, disse Seila Cibele Sitta Preto, da Hydronlubz.
O coordenador do programa no campus da UTFPR em Londrina, Marcio Florian, infirmou que as inscrições de empresas e alunos interessados em participar do próximo edital do MEI-U já estão abertas. O edital está disponível neste link.
Fonte: Portal Futurista
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