20/01/2021
Empresas do setor oferecem ambiente informal e acolhedor, mas é chance de crescer rapidamente na profissão, de participar de decisões e de inovar que conquista os funcionários
Aquele ambiente de trabalho do Google com videogame, sofás e mesa de sinuca faz parte do imaginário da população em geral quando se pensa em startups ou empresas de base tecnológica, mas nem de perto é o que mais atrai os funcionários que trabalham com inovação. O horário flexível, o desafio de criar algo, o rápido aprendizado e um processo decisório mais participativo são as vantagens mais citadas pelos profissionais do setor ouvidos pelo Futurista.
Do outro lado, quem contrata foca na facilidade em aprender e a vontade de fazer a diferença sem medo de errar. Mais do que experiência, eles buscam capacidade de adaptação.
Foi esse dinamismo que fez com que a advogada Ana Carolina Tissei Acosta trocasse a formalidade de um escritório jurídico pela dinâmica de uma startup. “O que mais me motivou foi a possibilidade de inovar, que faz parte do ritmo de quem gosta de tecnologia, mas bate de frente com as práticas tradicionais de advocacia”, conta a hoje analista na empresa de softwares jurídicos Aurum, de Florianópolis, e que passou antes pela Arbo Imóveis, de Londrina.
Acosta afirma que foi um aprendizado também aprender a trabalhar com empreendedores de startups, por considerar que eles têm receio de conviver com advogados. “Meu desafio foi abandonar o ‘juridiquês’ e encontrar soluções jurídicas e legais que caibam nas empresas e não empatem o negócio.”
Ela considera que o ritmo de trabalho também pode assustar. “O ambiente é extremamente dinâmico, volátil, o que não quer dizer que seja ruim. A startup está em constante movimento, muda, pivota e vai do colaborador entender que é uma empresa diferente, que vai crescer e que vai proporcionar um baita aprendizado”, afirma Acosta.
FOCO NAS OPORTUNIDADES
André Luis Krasinski é um exemplo desse crescimento rápido. Depois de passar por varejistas e por indústrias automotivas em Curitiba, começou a participar de eventos e cursos ligados a inovação, principalmente na fintech Ebanx, a primeira unicórnio do Paraná – startup com avaliação de mercado acima de US$ 1 bilhão.
Krasinski foi contratado em janeiro de 2020 pelo Ebanx, como analista de prevenção a fraudes. Com a pandemia, passou a trabalhar em casa a partir de março. Em novembro ele foi promovido a analista de dados, o cargo que desejava. “Vislumbrava vir desde 2017 para cá, por ser uma startup com desafios e que permite que façamos soluções escaláveis e rápidas de se implementar. O que faz com que a gente se desenvolva”, explica.
Ele considera uma vantagem trabalhar em horários flexíveis, mas vê como diferencial a relação com os gestores. “Temos abertura grande para dar ideias, propor soluções e os gerentes deixam claro para os funcionários o caminho que seguimos e por quê”, cita Krasinski.
Mesmo em casa, o analista no Ebanx afirma que enxerga um esforço no uso de ferramentas para integrar os funcionários e os diferentes departamentos. “Nas empresas tradicionais pelas quais passei, todas tinham uma estrutura bem consolidada, mas corriam atrás da transformação digital. As startups já começam no digital e a velocidade de implementação é maior.”
AUTONOMIA
André Roberto de Moraes virou gestor de locações da Arbo Imóveis em junho, depois de passar anos em uma grande empresa de construção civil. Assim como Krasinski, participava de eventos relacionados a inovação e já almejava uma vaga na área. “O motivo da minha mudança foi que percebi que (em uma startup) qualquer coisa que eu fizesse afetaria diretamente o meu crescimento e o da empresa, o que facilita ter o sentimento de dono”, diz.
Moraes gosta do ambiente de trabalho interdisciplinar, com poucas amarras para a empresa “pivotar”, ou mudar drasticamente de direção, um dos termos preferidos no ramo. “Nas contratações, vejo que a experiência é importante, mas tomar decisões, fazer a diferença e não ter medo de errar é mais. Temos um lema aqui que é ‘melhor pedir desculpas do que licença’”, conta, sobre a autonomia dada aos funcionários.
PERFIL
OK, todos os entrevistados também citaram um videogame por aqui, dinâmicas de integração que envolvem trabalhar fantasiado no Dia das Bruxas por ali… Mesmo assim, a percepção é que se trata mais de garantir bem-estar e gerar um sentimento de pertencimento, algo que já chegou a empresas tradicionais e não é mais algo exclusivo do setor de inovação.
A CEO da startup londrinense de gestão contábil Countfly, Analita Lima Soto, está em busca de profissionais. Ela diz que é preciso oferecer um bom ambiente de trabalho para reter talentos, mas, principalmente, contratar pessoas alinhadas à cultura das startups. “Nosso recrutamento é mais influenciado por qualidades comportamentais do que por graduação e conhecimento.”
Já o desenvolvedor Luiz Alberto Adamchuk, da fintech Bankme, de Londrina, diz que a procura é por profissionais que querem aprender. “Em uma entrevista, não é um empecilho a pessoa não ter certeza de algo, mas é importante se mostrar disposta a enxergar como entregar uma solução. A pessoa que chega aqui vai ter ajuda, cursos, mas tem de estar disposta a aprender”, diz Adamchuk.
Fonte: Portal Futurista
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