05/03/2021
A Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina (Intuel) está em busca do nível 1 da certificação do Centro de Referência para Apoio de Novos Empreendimentos (Cerne), iniciativa da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O Cerne é uma espécie de ISO da inovação. E, entre outras coisas, abre as portas para as incubadoras participarem de editais de financiamento. “Alguns editais exigem uma certificação mínima de Cerne 1”, explica o novo gerente da Intuel, Thiago Spiri Ferreira. “O Cerne também abre portas para mais parcerias em redes regionais e nacionais, troca de experiência entre as incubadas de mesmo nível, enfim, oferece uma amplitude de benefícios.”
Segundo o diretor Edson Miura, atualmente há 12 startups na Intuel, sendo oito residentes, ou seja, funcionam na sede da incubadora. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, vem impedindo o trabalho presencial. “Todo o ecossistema de inovação de Londrina e região teve grande dificuldade de manter sua rotina. Estávamos acostumados a fazer capacitação, mentorias e networking presenciais. Foi um impacto grande para todo mundo.”
As expectativas de retomada das atividades presenciais eram melhores há algumas semanas. “Quando achávamos que 2021 tinha tudo para melhorar, veio esse novo lockdown, travando tudo de novo”, reclama Miura.
Mas sempre há possibilidades de novas soluções durante uma crise. “A pandemia acabou criando oportunidades. Mudanças de hábitos de consumo da população abrem novas perspectivas principalmente para os novos incubados”, alega. “Em 2020, pudemos verificar a resiliência e o amadurecimento dos nossos empreendedores. Mesmo alguns sendo muito jovens, eles vêm se mostrando preparados e seguros”, declara.
As incubadas seguem recebendo suporte da Intuel a distância “na gestão financeira, no marketing, na inovação e produtos, em pessoas e mercados”. “Tentamos proporcionar algumas oportunidades que seriam inviáveis para empresas iniciantes na pandemia, como participação gratuita em cursos, mentorias e assessorias.”
Mas Miura admite que os recursos minguaram para quem não trabalha com soluções em saúde. “Diagnosticamos problemas financeiros, seja porque as parcerias público-privadas começaram a ser suspensas, com redirecionamento dos recursos ao combate à covid-19, seja porque muitos empreendedores começaram a deixar os programas de incubação e aceleração por não terem recursos para manter sua participação”, afirma.
No início da pandemia, algumas chegaram a solicitar desligamento da incubadora porque não tinham como pagar a mensalidade. Residentes que ocupam baias na Intuel pagam cerca de R$ 400 por mês e os que usam salas exclusivas, aproximadamente R$ 800. Mas quando estão na fase de ideação, têm descontos de 60%. Mesmo assim, com o novo coronavírus, a Intuel isentou todo mundo das mensalidades.
Em 2021, a incubadora quer se reinventar e vai intensificar os projetos a distância. Mas assim que possível também irá retomar as atividades presenciais. “Vamos ter um sistema híbrido: usar tudo que aprendemos online, mas também voltar com eventos presenciais. Nada substitui o olho no olho”, alega.
SUSTENTÁVEL
Uma das incubadas da Intuel é a Poliverde, startup que oferece serviço de logística reversa e reciclagem de poliamida, material muito utilizado pela indústria têxtil na fabricação de lingerie e roupas de ginástica. O fundador Jonathas Baumi diz que parte dos retalhos que sobram de produção vão para o artesanato, mas a maioria acaba no aterro sanitário, causando um passivo ambiental.
“Criamos um processo para transformar a poliamida desses tecidos em plástico”, conta ele, que é formado em química pela UEL e estudou o tema em sua pesquisa de mestrado. “A gente recolhe esse material, traz para a empresa e transforma em pequenos cilindros, os pellets.” Esses cilindros servem para a fabricação de roldanas, brinquedos, peças de automóveis, entre outros produtos.
A Poliverde ainda não produz em escala comercial. “Neste ano, começamos a produzir uma quantidade de pellets para validação”, conta. Os equipamentos foram comprados com recursos próprios e também com os R$ 40 mil que a startup recebeu do programa Sinapse da Inovação, do governo do estado.
A pandemia atrasou um pouco o desenvolvimento da empresa, até porque a indústria têxtil paralisou as atividades por um determinado tempo. “A nossa sorte é que não estávamos em escala muito grande.”
Fonte: Portal Futurista
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