30 de julho de 2019
A TAL INOVAÇÃO
Vivemos no futuro. Não é fácil perceber, mas já vivemos no futuro. Nos últimos 10 anos passamos por tantas mudanças que é difícil imaginar uma vida diferente da que temos. Difícil lembrar um tempo em que o telefone não recebia e-mail, o e-mail era mais importante que o Whatsapp, só sabíamos detalhes da vida dos outros pelas fofocas e pegar um táxi ainda
se chamava pegar um táxi.
Esse novo mundo novo traz um mar de facilidades e devemos tudo isso à tal INOVAÇÃO.
Inovação, em sua versão mais pura, é um processo de destruição criativa, onde o novo é percebido de forma tão positiva, tão mais valiosa, que o custo da mudança parece não importar para grande maioria das pessoas.
Em outras palavras, inovação só acontece quando as pessoas decidem usar, comprar e pagar para ver (literalmente em alguns casos).
COMO A INOVAÇÃO MUDA O MUNDO
Novas tecnologias sempre funcionaram como gatilhos para as inovações que impactam nossas vidas. Foi assim na primeira revolução industrial, com o advento das máquinas a vapor e o início da substituição do trabalho braçal humano pelas maravilhosas máquinas da época. Na segunda
revolução entram em cena o motor de combustão e a energia elétrica com sua força e diversidade de aparelhos, instrumentos e equipamentos. Ferrovias, carros, rádio, refrigerador, lâmpada elétrica e raio X mudaram nossas relações nas cidades, nosso conceito do que era perto e longe, nossa expectativa de vida e sobre a vida. Finalmente chegamos à produção em massa e tudo mudou novamente.
Nesse ponto a história tinha tudo para ficar repetitiva. Outra revolução industrial viria, novas máquinas maravilhosas seriam inventadas e seríamos gradualmente liberados de trabalho fisicamente desgastantes até o dia em que nossas mentes, e não nossas mãos, seriam valorizadas no trabalho.
Não foi exatamente isto que aconteceu.
Na terceira revolução industrial, com o advento da eletrônica e principalmente a invenção do controlador lógico programável (PLC, em sigla inglesa), passamos a ensinar as máquinas o que sabíamos, passamos a programar as máquinas para tomar pequenas decisões dependendo de
critérios e variáveis que nós mesmos conhecíamos. O início da automação é o início da revolução industrial cognitiva que bate agora na nossa porta.
A QUARTA E ÚLTIMA REVOLUÇÃO
A quarta e, na opinião de vários estudiosos, última revolução industrial é muito diferente das outras. Nela as máquinas pensam e aprendem (Aprendizado de Máquina), comparam uma quantidade quase infinita de informações e percebem padrões que nenhum ser humano é capaz
(Inteligência Artificial), conversam umas com as outras (Internet das Coisas) e o assunto na maior parte do tempo somos nós, os humanos (Sensores).
A soma de aprendizado de máquina, inteligência artificial, internet das coisas e sensores conectados a tudo e a todos promete uma revolução cognitiva, uma revolução onde o pensar, onde o raciocinar e mesmo o tomar das decisões será feito pelas máquinas.
Carros elétricos e autônomos nos levarão a todos os lugares. Óculos e relógios inteligentes nos incentivarão a comer melhor, fazer mais exercícios e a dormir na hora certa, e serão as máquinas (dessa vez em forma de softwares com cálculos matemáticos complexos que batizamos de algoritmos), sim, as máquinas, que descobrirão a cura para o câncer e outras doenças terríveis para a humanidade.
FUTUROS POSSÍVEIS
Se essas e outras previsões da maioria dos especialistas e pesquisadores se confirmarem, teremos um desafio enorme à nossa frente: Qual será o papel do ser humano nesse futuro?
As respostas são as mais variadas possíveis e boa parte delas nada agradável.
Alguns imaginam um futuro como um filme de hollywood onde as máquinas se revoltam e decidem que o problema do mundo é o homem e que elas, as máquinas, são as únicas capazes de trazer paz e harmonia para este planeta. Outros imaginam uma distância ainda maior entre as classes: aqueles com acesso às tecnologias escolhem antes do nascimento filhos e filhas mais saudáveis, mais inteligentes, mais rápidos e mais bonitos. Aos empresários e empreendedores resta a contratação de inteligências artificiais e máquinas que aprendem no lugar de seres humanos, a essa altura já ultrapassados. Seria o fim do trabalho e das relações sociais como as conhecemos.
Será? Será que essas são as nossas únicas opções? Será que não existe um lado humano da inovação?
O LADO HUMANO DA INOVAÇÃO
Tenho tido a sorte e o privilégio de conversar com especialistas no Brasil e fora dele. Inovadores, pesquisadores, empresários, empreendedores e representantes de estado, e tenho percebido algo que me enche de esperança: são todos humanos.
Parece uma brincadeira, mas não é: ainda somos humanos.
As inovações não brotam do nada, não são geradas de forma espontânea. Elas são o fruto da intenção humana, do que mais valorizamos e de nossa vontade de sermos melhores. Inovação é feita por humanos e deve ser feita para humanos.
As máquinas não farão nada que não forem ensinadas a fazer, elas não decidirão nem o que devem fazer nem quando, nós decidiremos. Não foi a máquina a vapor e não será o computador que nos dará valor. Nós damos valor a eles. Nós decidimos.
E a hora de decidirmos chegou. Chegou o momento de discutirmos um pouco menos o que a inovação pode fazer e passarmos a discutir o que queremos que ela faça. Nós, humanos, somos e sempre seremos responsáveis pelo nosso destino. Está na hora de declararmos o nosso lado, o lado humano da inovação.
Rodrigoh Henriques
Head de Inovação do Instituto Fenasbac
Fonte: Instituto Fenasbac.
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