O mundo enfrenta atualmente um desafio coletivo: pensar em formas de consumo e produção que estejam aliados à sustentabilidade. A tecnologia vem como uma grande promessa para auxiliar neste trabalho de promover um desenvolvimento econômico mais verde e consciente.
O Brasil, neste cenário, é considerado uma potência verde. O país é a única grande economia que possui baixa emissão de gás carbônico per capita. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), o brasileiro emite em média 1,9 tonelada de CO², o que representa 1/7 da emissão de um americano e 1/3 de um europeu ou chinês.
Isso representa uma janela de oportunidade para o país. As perspectivas de financiamento e possibilidades brasileiras diante deste cenário foi debatido no painel O papel do mercado de capitais na ecoinovação: financiando um futuro sustentável, que aconteceu no segundo dia do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o SEBRAE.
1) Reduzir taxas de juros
Para que startups e empresas consigam desenvolver negócios verdes no Brasil é preciso ter taxas de juros mais atrativas. Atualmente a taxa de juros do país passa de 12%. A Diretora da Emerging Markets Institute, na Cornell University, Lourdes Casanova, alerta que é o único país do mundo que a taxa de juros é o dobro da inflação. Na comparação com outros mercados internacionais o país acaba em desvantagem já que a taxa de juros nos Estados Unidos é de 5,2% e na Índia 5,5%, por exemplo.
2) Investir em inclusão
Não existe inovação nem desenvolvimento econômico sem inclusão. Nina Silva, CEO e co-fundadora da Black Money, reforça a importância de colocar o debate social também no centro da ecoinovação. Ter paridade salarial entre homens e mulheres, por exemplo, ajuda diretamente no aumento do poder de consumo de brasileiros e brasileiras.
Fazer a população entender a importância de um negócio verde reforça também para o mercado de capitais a necessidade de investir neste tipo de negócio. Ter na linha de frente inclusão e diversidade traz possibilidade de negócios e investimentos também mais diversos e alinhados com as demandas atuais.
3) Criar linhas de financiamento focadas na inovação disruptiva
O mundo vive hoje diferentes ondas tecnológicas ao mesmo tempo. Mobilidade autônoma, edição genética e computação quântica são apenas alguns dos exemplos. Essas inovações trazem mudanças para toda população e também oportunidades para indústrias, porém é preciso remodelar formas de produção e prioridades de financiamento para que seja possível incorporar essas transformações tecnológicas.
“Adaptar uma média ou grande indústria a essas mudanças disruptivas é um enorme desafio e implica em investimentos grandes em inovação”, afirma o João Antônio Lopes Filho, CEO do Banco Fator.
Ele explica que para o Brasil não ficar para trás é preciso investir nestes negócios respeitando algumas necessidades específicas tais como ciclos mais longos de financiamentos e aceitação de um cenário de risco maior.
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