22/01/2021
2020 foi um ano que colocou todos nós em nossas casas, forçando desde empresas a governos a mudarem seus modelos de negócios e atendimento ao cidadão da noite para o dia. A transformação digital se converteu, não em um “nice to have”, mas em uma necessidade de sobrevivência.
Algumas leis foram mudadas para permitir operações em modo virtual, e aprendeu-se a legislar e seguir processos judiciais virtualmente. Hospitais adotaram a telemedicina modificando as ofertas existentes para adaptar-se à experiência de pacientes não acostumados a lidar com a tecnologia. Escolas mudaram seus currículos para serem efetivos durante o confinamento.
Empresas de logística tiveram que mover-se de modelos B2B a B2C, os negócios em geral tiveram que habilitar o comércio eletrônico, marketing digital, omnichannel entre outras estratégias digitais. A experiência do usuário se converteu no FATOR de êxito.
Em resumo, se acelerou a transformação digital na América Latina e as tecnologias que a habilitam. Aqui compartilho seis tendências que vemos cruciais para 2021 e no futuro.
1. Diminuir o gap digital
A conectividade segura permitiu a continuidade a milhares de negócios levar educação às casas dos alunos, especialistas remotos assessorando manufaturas por meio de realidade aumentada. Talvez o mais relevante, desde São Paulo passando por Guayaquil até a Cidade do México, criaram-se serviços de telemedicina e hospitais móveis para atender a emergência.
Bom, isso se realmente havia conectividade. Embora mais de 70% da população urbana conta com acesso à Internet, o Banco Mundial estima que esse índice é de somente 37% da população de zonas rurais na América Latina. Isso fez que o gap digital aumentasse, deixando fora da economia digital as pessoas que mais necessitavam.
É por isso que tecnologias como 5G e Wi-Fi 6 se tornam mais relevantes, pois possibilitam levar banda larga para locais onde implementar a fibra ótica tem custos proibitivos. A PwC estima que levar a Internet para pessoas que ainda não estão conectadas poderia adicionar US $ 6,7 trilhões à economia global e tirar 500 milhões da pobreza.
5G e Wi-Fi 6 são tecnologias complementares, a primeira está melhor posicionada para áreas abertas e banda larga fixa, enquanto que a segunda se ajusta melhor para fábricas, estádios, centros de convenções, hot spots etc. Apesar de que já existam alguns pilotos de 5G na região, ainda nos falta terminar de aproveitar o 4G e a evolução para o 5G será progressiva e levará algum tempo. Por outro lado, o Wi-Fi 6 já está disponível no mercado e para ampliar sua cobertura só basta abrir a banda de 6 Ghz. No continente, Estados Unidos e Chile já liberaram o espectro, enquanto que Argentina, Brasil, Canadá, Costa Rica, Colômbia, México e Peru estão em processo de consulta e esperamos que tomem suas resoluções nos próximos meses.
2. Promovendo a experiência (e segurança) com sensores
Embora os sensores digitais estejam sendo utilizados há muito tempo na manufatura e outras indústrias, a proliferação de sensores mais próximos ao usuário em celulares, computadores, wearables, câmeras etc, é inegável. Veremos como os sensores de saúde para consumidores chegam ao nível médico ajudando assim a descentralizar o atendimento de saúde, o mundo do esporte utilizará sensores tanto para a proteção dos atletas como para dar mais emoção ao espetáculo, sensores de segurança farão cidades como Santiago e México mais seguras.
Para quem está voltando aos escritórios, análises baseadas em dados de sensores nos ajudarão a ter ambientes mais seguros, saudáveis e produtivos. Câmeras com analíticos permitirão colocar barreiras sanitárias, combinando-os com serviços de localização wireless e plataformas de colaboração, podendo assegurar que a capacidade das áreas comuns não esteja saturada nem subutilizada e, ao mesmo tempo monitorar temperatura, umidade, qualidade de ar, luz e mandar recomendações proativas.
3. As chaves para o futuro: Aplicações habilitadas com agilidade e resiliência
As restrições durante os primeiros meses da pandemia obrigaram as organizações a se adaptarem rapidamente. Utilizar tecnologias de nuvem ajudou a criar esta agilidade empresarial, embora percebemos um aumento no tráfego web sem encriptação; a velocidade criou riscos de segurança. Para empresas médias e pequenas passaram a ter acesso a tecnologias geralmente reservadas para os orçamentos das grandes empresas.
Depois de alguns meses as aplicações empresariais cruciais para o negócio tinham se convertido em monstros desagregados e altamente distribuídos, difíceis de manter e solucionar. Um excesso de informação que dificultava conectar tecnologia com suas implicações no negócio. Tanto empregados como clientes tornaram-se mais móveis e remotos.
Isso cria uma necessidade de entender os dados e os negócios. Veremos então uma adoção de tecnologias com inteligência artificial que ajudam a passar do monitoramento tradicional para a assistência para a correlação de dados e métricas de negócios a fim de manter aplicativos ágeis.
4. Da experiência do cliente ao entusiasmo pela marca
O crescimento explosivo de celulares e dispositivos inteligentes tem transformado nossa forma de interagir com o mundo. As aplicações móveis estão disponíveis para compras, bancos, aprendizagem e saúde pessoal. Recentemente eles têm sido usados como sensores para detectar surtos de infecções e a evolução da pandemia. Tanto o setor público quanto o privado encontraram nos aplicativos móveis uma forma de se conectar com seus usuários que não poderíamos imaginar há alguns anos. Hoje muitos processos de negócios também estão sendo executados nesses aplicativos.
Em um mundo onde a aplicação da concorrência está a apenas um clique de distância, você deseja que sua tecnologia seja perfeita. Os aplicativos mais avançados possibilitam um relacionamento mais pessoal e com melhores tempos de atendimento. Isso requer a capacidade de converter montanhas de informações de tempo real provenientes da rede, em informações acionáveis em tempo recorde. As empresas que alcançam esses recursos irão até mesmo passar da automação para ações proativas que surpreendem seus clientes com soluções antes que os problemas ocorram. É essa combinação de personalização inteligente e imersiva que transformará a experiência de satisfação do cliente em um relacionamento profundo, ativo, estimulante e, acima de tudo, leal.
No último ano se formaram do norte ao sul, vários grupos de empresários buscando compartilhar conhecimento e melhores práticas para alcançar a transformação digital de suas empresas. Uma das estratégias mencionadas como as mais desejáveis e difíceis de implementar corretamente, é a de omnichannel, inclusive por aqueles que já têm um marketing digital. O uso de centros de contato nascidos com o omnichannel e tecnologias digitais nativas, machine learning e analíticos, fará uma grande diferença versus as que simplesmente agregaram a parte digital ao tradicional centro de contatos de voz.
5. Identidade e um futuro sem passwords
A mobilidade, o trabalho distribuído e o uso de soluções na nuvem realmente trouxeram grandes benefícios em escala. Mas com isso também é certo que a zona de ataque tem crescido. Temos observado um incremento de 600% em ciberataques com uma sofisticação nunca antes vista. Se isso trouxe algo de bom para a América Latina, é que finalmente chamou a atenção de CEOs, CFOs, gerentes de risco e a segurança está sendo discutida no conselho de administração, não no departamento de TI.
Ataques recentes como Astaroth desenhados para mirar cidadãos brasileiros e evitar detecção pelas equipes de inteligência cibernética tanto públicos como privados, compartilhar uma rede de casa com sua família e estar o tempo todo em casa, longe do departamento de TI, trazem consigo grandes desafios para a segurança. Credenciais perdidas ou roubadas seguem sendo uma causa comum de êxito nos ataques.
Já não existe muralhas para defesa usando uma ponte e um fosso (o firewall ou corta fogos), o perímetro da empresa está perdido, o novo perímetro é a identidade. Para contrapor isso, surgiu o zero trust, não confiar em nada nem em ninguém, assim como no SASE, uma arquitetura onde a rede (SD-WAN) converge com a nuvem e segurança
Tanto plataformas como grupos de indústria e provedores de segurança estão trabalhando para um futuro livre de passwords, onde as tecnologias biométricas tenham um papel fundamental. As empresas terão que trabalhar para esta mudança de paradigma e fazê-la de forma segura, resguardando não somente a segurança, como a privacidade dos dados biométricos; que eles se mantenham nos dispositivos pertinentes, sem transmitir informação sensível pela rede, embora seja criptografada.
6. Modelos de consumo para as tecnologias que realmente necessita
Por muito tempo havia uma única forma de consumir tecnologia: comprava-se o set completo de funcionalidades do software sem se importar se utilizava 90% ou 2%. Este modelo tem evoluído, especialmente com software as a service que habilita as organizações a pagar pelas capacidades e funcionalidades que necessitam atualmente, com possibilidade de facilmente escalar a pacotes mais completos com grande agilidade e em demanda.
Sem se importar se usa um modelo on premises ou na nuvem, cada dia há opções mais flexíveis de licenças por serviço, contratos empresariais “pay-as-you-consume” e você não fica preso em licenças perpétuas em modelo de capex.
A mudança ao modelo “pay-as-you-consume” permite prever os custos com mais facilidade e administrar melhor o gasto com tecnologias de informação. 95% dos CIOs brasileiros e 94% dos mexicanos estão de acordo que é importante para suas empresas. – Cisco 2021 CIO and IT Decision Makers Trends Pulse
Fonte: Ind 4.0
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