Eu sempre gostei de dizer que inovação é a união de processo com repertório. Ela não vem do acaso e eu acredito fortemente que empresas e lideranças precisam priorizar e estruturar ações que resultarão em inovação, e para isso, precisamos primeiramente implementar alguns processos. Criar momentos intencionais para fóruns de ideias, estabelecer squads de inovação e estimular um ambiente de criatividade e aprendizagem são alguns exemplos de como começar.
Mas não é só isso. Em seguida, vem a importância do ganho de repertório. Ele não se limita às paredes da organização e surge quando nos colocamos presentes em momentos para aprender com outras pessoas, seja através do networking direto ou até mesmo em palestras e eventos.
Se eu puder dar um dica de evento para participar e expandir repertório, eu indicaria o South by Southwest, o SXSW, que entre muito conteúdo e presenças ilustres, conta também com a famosa palestra da Amy Webb – a futurista, professora da Universidade de Nova York e fundadora e CEO do Future Today Institute (FTI). Todo ano, Webb, que é uma das atrações mais esperada do SXSW, divulga seu relatório de tendências para o ano, e em 2023, estive presente para acompanhar as boas reflexões que, de fato, mexeram com o mercado durante o ano.
Para 2024, a futurista já divulgou a sua carta anual com uma revisão geral do que vivemos em 2023 e, principalmente, alguns sinais do que podemos esperar para os próximos meses. Veja, abaixo, alguns dos insights da carta:
Cinco temas tech que estarão em alta em 2024, segundo Amy Webb:
1- IAs que tiram as ideias do papel desencadeiam nova onda de inovação
O que ela chama de “concept-to-concrete AIs”, ou inteligências artificiais que vão da ideia ao produto final, são as ferramentas que simplificam a geração e o refinamento de ideias. Em um esforço colaborativo, que pode durar alguns dias, você reflete sobre perguntas e respostas junto com sua IA e desenvolve suas ideias transformando-as em realidade.
2- Tornando a sustentabilidade de fato, sustentável
As grandes empresas enfrentam desafios para alcançar metas de emissões zero de gases com efeito estufa até 2030, e Amy destaca a necessidade de tornar a sustentabilidade mais sustentável. Ela aponta que a resistência em encarar iniciativas climáticas como investimentos cruciais, somada à relutância em buscar conhecimentos externos, tem limitado o progresso desde 2018. Amy enfatiza a urgência de inovações em áreas como redes de energia, materiais alternativos e transparência nos mercados de carbono, com a Inteligência Artificial desempenhando um papel acelerador.
3- Os algoritmos, agora essenciais na força de trabalho, podem precisar de licenças profissionais
Com o avanço da automação e a integração de algoritmos, algumas ocupações tradicionalmente realizadas por profissionais especializados em áreas como finanças, atendimento ao cliente ou processamento de dados, foram progressivamente assumidas por sistemas automatizados.
Por isso, a carta de Webb sugere a possibilidade de regulamentação semelhante à exigida para profissionais humanos.
4- Fim dos smartphones e início de uma nova era de wearables
Em 2024, uma nova era de dispositivos vestíveis (ou wearables) impulsionados por IA personalizada, como smartwatches e óculos de realidade aumentada, surge, oferecendo respostas visuais e de voz avançadas.
Empresas como Meta, Google e Microsoft desenvolvem óculos inteligentes, enquanto a Humane.ai cria um pino controlado por voz, câmera e gestos. A próxima geração de wearables será alimentada por sistemas multimodais de IA, prometendo experiências altamente personalizadas em tempo real.
5- Possíveis mudanças na imunidade legal em relação ao conteúdo do usuário
Grandes empresas de tecnologia estão enfrentando problemas legais em relação à responsabilização de conteúdos postados em suas plataformas. Recentemente, a Suprema Corte dos EUA concordou em analisar se leis estaduais que tentam regulamentar empresas como Meta, Google e TikTok estão de acordo com a Constituição.
Tradicionalmente, as empresas eram vistas apenas como intermediárias, mas a IA generativa desafia isso, já que agora cria-se conteúdo por conta própria, sem a ajuda de pessoas, fazendo com que as empresas argumentem se o que a IA produz deve ser considerado como trabalhos originais.
Fonte: Exame
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