O secretário estadual de Inovação, Modernização e Transformação Digital, Marcelo Rangel, esteve em Londrina nesta quinta-feira (9) e anunciou o ‘Londrina Day’, evento que ocorrerá no dia 21 de março, na sede da Celepar, em Curitiba, onde serão apresentadas soluções tecnológicas ao secretariado municipal e ao prefeito Marcelo Belinati.

A ideia, afirmou Rangel à FOLHA, é divulgar os projetos da Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná), do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná) e de empresas paranaenses, e testá-los em Londrina.

“Fazer um teste na Prefeitura de Londrina é valioso demais. É a validação necessária para que eles possam apresentar os produtos em qualquer lugar do mundo”, disse o secretário. “Se funcionou em Londrina, funciona em qualquer lugar do mundo, e é isso que vamos apresentar no Londrina Day.

Se após o teste uma determinada tecnologia tiver bons resultados, ela poderá ser adquirida pelo Governo do Estado e ser aplicada como programa para todos os municípios. Assim, a cidade contribuirá para a validação desses serviços.

Inclusive, Marcelo Rangel destaca que Londrina possui um dos melhores ecossistemas tecnológicos do Brasil. A organização e a divisão de núcleos setoriais são características positivas da cidade. Uma das áreas com bom desempenho é a Construção Civil, que deve ser impulsionada com o projeto Inova BIM PR.

“É um sistema que vai revolucionar a construção civil, principalmente no serviço público do Brasil. Temos graves problemas com obras públicas: aditivos, corrupção, atrasos, é um problema crônico, de muitos e muitos anos”, avalia Rangel. “O BIM simplesmente faz a moldura completa de cada obra e acabam-se os aditivos. Entregue o projeto, o setor público sabe exatamente quanto vai custar e quanto vai demorar a obra.”

O protagonismo londrinense nessa área se dá porque o município saiu na frente e tem um mercado para lidar com a tecnologia. Não são muitas as cidades com profissionais capacitados, e a tendência é que o Inova BIM PR promova a criação de empresas de qualificação e para prestação de serviços nessa área.

“Londrina tem um ecossistema apropriado para isso. Na Construção Civil, ainda, as tecnologias são muito ligadas aos materiais. O BIM não, ele é ligado à produtividade”, completa o secretário.

VISITA

Durante a visita, Marcelo Rangel esteve na Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), ocasião em que conversou com prefeitos da região de Londrina. O intuito foi pedir para que as administrações tenham um olhar diferenciado para o tema da inovação.

“Inovação não é somente computadores, celulares, tecnologias completas, sistemas que muitas pessoas não conhecem. Inovação muitas vezes é uma atitude, um jeito de fazer diferente, é aquilo que normalmente você não vê em outros lugares”, disse.

Ele destacou o trabalho feito pela gestão de Assaí (distante 40 Km de Londrina), que foi selecionada, ao lado de Curitiba e Ponta Grossa, para a lista Smart21 Communities of 2023, que indica anualmente as 21 comunidades mais inteligentes do mundo. As cidades paranaenses foram as únicas da América do Sul no ranking.

De acordo com o secretário, o objetivo da secretaria é fazer uma governança de toda a inovação do estado. Para isso, foi criado um “guarda-chuva” chamado Inova HUB, que fará a mentoria e auxiliará os ecossistemas regionais, possibilitando a troca entre municípios.

“O que nós temos de bom em Londrina precisa ter conexão com Curitiba, que precisa ter conexão com Ponta Grossa, e que de repente possa ser apresentado para o mundo. E temos o Tecpar e a Celepar no guarda-chuva, que são órgãos técnicos para validação, identificação e apresentação de tecnologias”, explica.

Tudo isso, ressalta Rangel, servirá para resolver problemas que são comuns em uma prefeitura em áreas como Saúde, Educação e Infraestrutura. “O Governo do Estado está identificando esses problemas, fazendo com que a inovação chegue para a ‘dona Maria’”.

Um exemplo citado por Marcelo é o TFD (Transporte Fora de Domicílio”, em que pacientes precisam sair de municípios do interior para receber atendimento especializado em centros maiores. “Ainda é da maneira mais arcaica, ainda é feito de ônibus, é através de pedidos por malote. Tudo isso precisa ser reduzido a sistemas que estão no mercado”, acredita.

Nesse sentido, o intuito é “trabalhar para que os paranaenses tenham, na prática, soluções simples, mas que deem celeridade nos serviços públicos”. Ou seja, identificar quais são as dores da população.

“Todos os prefeitos se comprometeram a usar seus municípios como laboratórios de experiências tecnológicas e de inovação. Inicialmente, vamos produzir produtos para serem testados e avaliados. Quem vai avaliar? A população. Se funcionar, queremos para o estado todo”, ressaltou.

PROJETOS

Deputado estadual licenciado, Rangel tem relação próxima com a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) e diz que irá apresentar projetos de lei na área da inovação.

Um dos projetos é o Agiliza Paraná. A ideia é levar totens de atendimento do Governo do Estado para espaços como praças públicas, supermercados e shoppings. Outra iniciativa dá benefícios de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para empresas tecnológicas. “Foi aprovado e fizemos a regulamentação da Lei, que será sancionada pelo governador. Será a Lei mais moderna do Brasil para benefícios para empresas tecnológicas do nosso Estado, e coloca em pé de igualdade todos os municípios”, diz Marcelo. “Vai fazer com que Londrina entre na disputa por grandes empresas.”

Uma terceira iniciativa cria um fundo estadual para atendimentos a desastres naturais e pune empresas que agirem de má-fé durante catástrofes, aumentando, por exemplo, exacerbadamente o preço de produtos nessas situações.

Por fim, o secretário pontuou que a nova Lei de Inovação será sancionada pelo governador Ratinho Jr., sendo mais abrangente. Facilitar a contratação de startups será um dos benefícios.

Londrinense na equipe

Marcelo Rangel visitou à FOLHA acompanhado do empresário Marcus von Borstel, de Londrina, que passa a integrar a equipe do secretário como diretor executivo de Inovação. Uma das missões do empresário no governo estadual é trabalhar com o setor produtivo, com foco nos ecossistemas de inovação. “Fomentar negócios, disseminar a inovação para as cidades e estabelecer alianças estratégicas”, explicou.

Fonte: Folha de Londrina